Política, Religião e Mulheres no Congresso Nacional
Fonte: Unisinos
Para os
romanos, a glória de seu império e domínio fora ordenado por deuses e era
exercido no interesse de seus súditos. “Os atenienses também gostavam de se
sentir protetores dos povos injustamente tratados e oprimidos e como
benfeitores de seus súditos.” É possível que muitos deles reconhecessem
publicamente ou nos corações que seu império era tirano e injustamente
adquirido.
Com o
nascimento de Cristo, há mais de dois mil anos, surge uma nova proposta de
unificação do mundo ou “nova ordem mundial, trazida por Cristo, o apóstolo
Paulo e os primeiros cristãos, diferentemente da do Império Romano. Assim
sendo, as guerras e violências do Império romano são substituídas por justiça e
paz no Cristianismo.
Contudo, o
que se observa no Congresso Nacional, na atual legislatura, é o apego a uma
teologia imperial romana e não de uma teologia cristã, com a aprovação de
legislações danosas, violentas e de opressão às mulheres e à sociedade, longe
da justiça e da paz cristã. Estamos diante da chamada “orgia legislativa”, com
leis sobre o aborto, veneno, golpe do Marco Temporal, além do descaso com as
mudanças climáticas.
Num momento
de presença maciça dos congressistas para solucionar problemas urgentes do
país, o que se observa são chantagens, retaliações e desprezo pelo ajuste
fiscal, insistência em usar recursos públicos sem transparência, através do
chamado orçamento secreto, violência contra as mulheres e contra o STF (Supremo
Tribunal Federal), com a manutenção do orçamento secreto e introdução do voto
impresso, sem a devida comprovação científica de que o atual modelo de votação
é falho.
Existe no
Congresso Nacional a chamada bancada da Bíblia, mas pouco sabemos sobre o
trabalho religioso de seus membros e a relação do trabalho deles em defesa da
justiça e paz e de combate às desigualdades e à violência contra as mulheres. Infelizmente,
os escritos de Paulo em relação às mulheres, no Novo Testamento, têm dupla
interpretação, razão pela qual é necessário conhecer a interpretação de nossos
parlamentares.
Para alguns
estudiosos, existem cartas autênticas do Paulo histórico, enquanto outras
pós-paulinas e até mesmo pseudopaulinas, ou seja, “não teriam sido escritas por
ele, mas atribuídas a ele por escritores posteriores”. Neste caso, o termo
técnico utilizado para este tipo de atribuição fictícia a determinado autor
histórico é pseudoepigrafia.
Assim
sendo, temos cartas aceitas autenticas (Romanos, Corintios, Gálatas,
Filipenses) e as cartas disputadas e inautênticas (Efésios, Colossenses e
Tessalonicences). Para alguns autores, as cartas inautênticas não representam uma
mudança do pensamento de Paulo, por conta de sua velhice e cansaço, que o
tornara medroso, mas foram atribuídas aos interesses dos poderes da época.
Estes
exemplos bíblicos são cruciais para que possamos pensar no aqui e agora.
“Quem eles eram em seu tempo e quem somos nós aqui e agora. Somos no início do
século vinte um, o que o Império Romano era no início do primeiro século”. Roma
e o Oriente lá; América e Ocidente, aqui. Resumidamente: eles lá, nós aqui.
Como
cristãos não devemos aceitar a violência como atitude perfeitamente normal. É
nossa responsabilidade entender a violência aqui e agora, no lugar e espaço
onde o Senhor nos colocou. O cristianismo pode ser nosso ponto de partida aqui
e agora para se enfrentar os poderes que demonstram impor sofrimento ao povo, a
exemplo do Congresso Nacional.
Podemos
concluir que Paulo foi um santo não apenas para sua época, mas para hoje e
sempre. Assim sendo, São Paulo acreditava que o mundo se baseia na justiça e na
retidão de Deus, oferecida a nós como um dom. É nossa responsabilidade não aceitar
qualquer futuro construído com violência, que será pior do que o atual
presente.
Jesus e
Paulo negativamente resistiram à Roma Imperial e positivamente encarnaram a justiça
global. Alguns autores começam a nos ajudar entendê-los em seus tempos.
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